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sábado, 4 de setembro de 2010

Pássaros noturnos 2



Simplesmente não consigo acreditar que os estou escutando de novo. Eles voltaram. Lá estão eles cantando novamente. Será para mim? Não, não. Besteira minha. Como podem saber exatamente qual o momento certo de aparecerem aqui? Como adivinharam que eu estava precisando? Me pergunto de novo: será um presente especial enviado para mim? Será, será? Não sei. Mas é maravilhosa essa sintonia com o universo.

Hoje choveu o dia inteiro e ainda não parou. A noite chegou e eu, em silêncio, nem percebi. Deve ser mais uma daquelas noites em que não consigo pegar no sono. Qual não foi a minha surpresa de notar, aos poucos, uma doce e alegre melodia chegando até mim. Os pássaros estavam cantando mais alto do que o barulho da chuva. Isso não pode ser por acaso! Deve ser um sinal. Não tenho dúvidas. É a minha metáfora da noite.

Mesmo com toda a tempestade, a desordem nunca vai ressoar mais que uma agradável melodia. Quando há harmonia, o ruído sempre fica em segundo plano. A turbulência jamais será maior que a mais bela das composições. Essa é mensagem. Esse é o significado que me faltava. Esse é o aprendizado do dia. Ou da noite, as horas já não me importam mais. Aquilo que encanta, que nos enobrece, sempre deve soar mais alto que qualquer adversidade.

Além do mais, os passarinhos estão cantando em conjunto. Isso me faz pensar que, talvez, se fosse um só, eu não conseguiria escutá-los. A chuva iria esconder suas canções. Sozinho não se vence tempestades. O passarinho precisa de uma companhia para ganhar voz, fazer eco e criar sentido. Somente junto com alguém da sua espécie é que ele pode fazer diferença. E eu acho que assim ganhei a minha segunda metáfora da noite. É preciso cantar em dupla. É preciso afinação, sintonia. Só assim é possível nascer algo consistente. Um pássaro solitário jamais conseguiria tão bela melodia.

Eles cantando a felicidade aos quatro cantos, me deixam na obrigação de ser feliz também. Impossível não ser.

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