Páginas

sábado, 17 de novembro de 2012

(Ins)pirar





Expirar é uma arte. Preciso aprender a expirar. Soltar o ar, aliviar a alma. Botar pra fora tudo aquilo que me tira o ar, o brilho. Soltar a respiração, relaxar.

Acho que o contrário de expirar é pirar. Porque prendendo todo aquele ar a gente enlouquece. Engole tudo de ruim. E não solta.

Não dá pra viver em suspensão. Esperando dias melhores que sabe-se-lá se virão. Não dá pra viver com o grito preso na garganta. Com a respiração suspensa. Com a lágrima ainda no olho. É preciso respirar corretamente. Expirar e inspirar. Expirar e inspirar. Principalmente inspirar. Inspirar os outros. Todos a nossa volta. Inspirar amores, corações, olhares. Inspirar quem vive expirando.

Até porque encontrar alguém que nos inspire é de arrancar suspiros.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Rehab de um amor impossível





Rehab é um negocio complicado. A gente inicia várias vezes achando que nunca vai dar certo. É parecido com regime: inicia toda segunda, depois de um finde de comida farta. A gente começa sabendo que não vai dar certo porque acha difícil lidar com nossas fraquezas. Força de vontade é para os fortes, nunca é pra gente.

Até porque drama é com a gente mesmo. Nada como viver intensamente. Até o limite. Afinal, qual é graça de um amor que acaba rápido? De que adianta um amor sem sem choro, sem sentir falta? Todo fim de relacionamento tem que acabar na rehab. A pessoa tem que se reencontrar, se experimentar, se autoconhecer (de verdade, nada de livros de autoajuda do caixa do Zaffari). Tem que crescer, só que de verdade. Tem que seguir adiante, só que de verdade. Parece slogan, mas tem coisas que só uma rehab faz por você. Pra todas as outras, existe uma alma medíocre procurando entender a essência do universo.

Aquela eternidade falsa da rehab uma hora chega ao fim. Uma hora a gente consegue colocar tudo pra fora. Todo o medo, todo o desejo, todo o amor, toda a agonia. Uma hora a gente consegue desabafar o silêncio.

Uma hora a gente consegue escrever as palavras novamente. Nada como ser a prova de que tudo tem conserto, por mais longa que seja a recuperação.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Peraí, bem





Parei tudo para ver como tu estava. Impressionante como tu ainda consegue me deixar triste. O que tu anda fazendo, amor? Fazer da tua vida uma resposta a vida de outra pessoa não é vida pra se viver. Faz da tua vida uma pergunta, que te indaga todos os dias, questionando o porquê de tudo, como se fosse uma criança.

É bom ser criança. Acho que aprendi isso contigo, inclusive. É esse teu medo de crescer, que é inerente aos homens, que te impossibilita de ir pra frente. E ir pra frente só por ir, é fazer conta. Eu te ensinei que todo príncipe precisa ter o pé no chão. Não adianta botar a culpa no vilão.

O que eu vou dizer vai doer, mas tu é a única pessoa que pode te salvar. O mundo é muito grande pra gente poder abraçar. Esse é o único conforto que posso te dar. Tu é bom de recomeço. Muito melhor do que eu. Mas eu sei o que é seguir em frente. Eu consegui achar novas perguntas. Prefiro viver na incerteza do meu destino, do que me ater a uma certeza de um destino comum.

Essa tua fraqueza disfarçada de retomada não é bonita. É dolorida. Deixa teu olhar mais pesado. Tua respiração mais temerosa. Teu coração em desespero. É, eu sei eu teu coração anda em desespero. E sei também que tu não vai admitir isso nem sob tortura. Leoninos são assim, não sabem dar o braço a torcer. Mas um dia todo mundo cai na real. Mesmo que seja tarde. E nesse momento tu vai sentir o meu perfume.