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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Olhos caídos

 


Hoje eu morri mais um pouquinho.

Eu imaginava que existisse felicidade por aí. Pensei que veria olhos de deslumbramento, de alegria, e não olhos maltratados pelo tempo mal gasto. Sempre achei que fosse encontrar olhos apaixonados, “leves”, vibrantes, cheios de contentamento. Nunca acreditei que veria olhos de rotina, desconfiados, inseguros... Nem desconfiei que ainda encontraria olhos tristes, traumatizados, cansados.

Eu já vi olhos felizes, então sei como é. Não tem disfarce que adiante. Eu reconheço a falta de felicidade de longe. Hoje, vi olhos que não me convenceram, vi olhos fingidores, sofredores. Não é nada bom ver olhos mergulhados em desespero, se afogando em mares lodosos, sem poder ajudar. Aos meus olhos, só restam observar as tragédias anunciadas.

Hoje, ignorei olhos que me imploraram socorro. É que eu sempre preferi olhos corajosos.

Hoje, entendi que olhos depressivos têm brilho. Só depende do referencial.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O fim e a morte



 
Já escrevi sobre todas as formas de amor, já escrevi sobre uma nova forma de amor, mas hoje escrevo sobre morte. Porque todo amor exige um pouco de suicídio.

Amor e morte têm tudo a ver. Amor de fazer faltar o ar, morte. Morrer de prazer, morte. Crime passional, morte. Tentação, diabo, inferno, morte. Se sentir no céu, já está morto. Além disso, num relacionamento é preciso suicidar todos os medos, todas as inseguranças; é preciso esfaquear o ego para poder fazer a relação funcionar – ou sobreviver, como queiram.

Mas é só um relacionamento acabar, que a morte abre um sorriso malicioso, porque ela sabe que vai vir muito sofrimento pela frente e que teremos tanto vontade de morrer quanto de matar. A partir do término de um relacionamento, a morte ganha nossa confiança e credibilidade, se tornando nossa melhor amiga, aquela que está presente em quase todos os momentos. A morte permanece, e a gente perece. Ela se torna onipresente, praticamente sufocante. Sufocamento, morte.

A morte faz visitas constantes, entre em nossa casa sem pedir licença, abre a geladeira e serve-se do melhor. Tão audaz, a morte! Mata a confiança dos outros e a pega para si. A morte não morre. A morte dói, mas é sempre sábia.

Quando a relação morre, a gente vai morrendo junto. Uma morte calma, dolorosa e cheia de sofrimento. Depois, pensamos na morte do outro. Quem nunca quis que o ex morresse que atire a primeira pedra – mas não para matar. A morte dele só facilitaria as coisas. Morto, ele não continuaria a nos dar alguma esperança de reconciliação. Morto, não existiria a possibilidade de ele se desculpar como tanto esperamos. Morto, ele não andaria sorridente com outra por aí. Se ele morresse, seríamos nós que descansaríamos em paz.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Mais perto de ti



Eu escrevo pra ficar mais perto de ti. Escrever é a minha maneira de me manter mais próxima de ti, de ainda continuar acreditando, de continuar vivendo. É escrevendo pra ti em que encontro forças pra continuar o que tenho que fazer.

Escrever pra ti é uma maneira de saber mais a teu respeito, de te conhecer melhor, de me entender melhor comigo. É uma maneira de diminuir a distância, de amenizar a passagem do tempo, de encurtar essa espera.

Todo dia espero um sinal teu, uma palavra, uma resposta, um xingamento que for. Espero que tu escrevas pra mim. Porque eu sei que tu escreves pra mim, nem que seja mentalmente. Todo dia abro meu email na esperança de encontrar algo teu. Tenho certeza de que, um dia, quando eu menos esperar, vai chegar algo teu. Tenho fé.

É... Espero todo dia uma carta tua. Sou paciente. A minha espera é feliz. Todo o dia eu acordo com a certeza que vai chegar. Vou correndo, alegre, como o cão quando o dono chega em casa, checar a correspondência. Não desanimo nunca. Não duvido um segundo. É como se eu vivesse num aeroporto, esperando o amor da minha vida chegar depois de um longo período fora. É essa certeza que faz valer a pena.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Volta, amor





Volta pra casa, amor. Tá na hora, já tá tarde. Tu estás cansado, vem, deita aqui. Deixa o teu orgulho ali na porta, no cantinho. Isso, assim mesmo. Bom menino! Agora deita nos meus braços, deixa eu tirar essa tua tristeza. Aproveita e descansa. Hoje, tu pode tudo.

Não, não tem problema, deixa essas lágrimas correrem. Eu sei, eu sei. Eu não me importo. Agora tudo vai melhorar. Eu vou te fazer feliz de novo. Claro que tu vai conseguir ser feliz! Acredita em mim, tu sabe que eu nunca menti pra ti.

Deixa tua tristeza evaporar junto com as tuas lágrimas. Eu vou estar bem aqui do teu lado, segurando a tua mão. Agora, nada mais vai dar errado. As coisas vão se acertar, tu vais ver. Teu corpo vai entrar em concordância com a tua alma. Teu coração vai voltar a sorrir. Os dias ficarão mais alegres com o passar do tempo. Eu tenho certeza!

Depois de todo período cinza, surgem as cores. Depois de toda tempestade, o arco-íris. O nosso arco-íris. Ele já, já vai chegar. Tuas dores vão diminuir. As lembranças ruins vão se apagar. O sofrimento irá embora.

Olha pra mim, baby. Tá tudo bem agora. Tudo de ruim que aconteceu, ficou pra trás. As feridas já estão começando a cicatrizar, não vai ficar marcar nenhuma, eu prometo. Vem, que vai ficar tudo certo.

Claro que dá pra consertar! Não duvida da minha capacidade de arrumar as coisas. Eu já me curei, não precisa ter medo. Hoje, só sinto saudades. Mas é uma saudade alegre, viu? Não tem nada de nostalgia ou incômodo. Volta, amor, que as minhas lembranças ainda tem teu cheiro. Minha alma se sente melhor ao lado da tua.

Vem, que eu vou curar esse teu jeito nocivo. Vem, amor.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Escrevendo pra ti





Ele se espreguiça na cama, boceja, esfrega e abre os olhos: está começando mais uma sexta-feira. Enigmaticamente, esboça um sorriso – talvez por causa de lembranças da noite passada. Ele levanta e, para sua surpresa, encontra um recadinho da sua namorada escrito de batom no espelho. Ele abriu o sorriso novamente. “Quando te olho, é impossível não me ver no teu olhar. Te amo!”. Ele se olhou no espelho através daquela declaração e tentou se lembrar da última vez que se sentiu tão amado. Impossível.

Ele vai em direção à cozinha e encontra um café da manhã prontinho à sua espera. Na bandeja, como não poderia ser diferente, encontrou outro recadinho, agora num post it cor de rosa. “Bom dia, amor. Que seja doce, como nossos sentimentos”. Ele era o homem mais feliz do mundo, e o seu sorriso mais uma vez confirmava isso.

Ele saiu do apartamento, deu bom-dia para o porteiro e abriu a caixa de correspondência já na esperança de encontrar outra mensagem da sua namorada. Dito e feito! Tinha uma cartinha dela para ele. Ele adorava tudo o que ela escrevia, se sentia muito sortudo por ter uma mulher que o fizesse se sentir tão lisonjeado. Enquanto os outros homens só recebem cobranças na caixinha do correio, ele recebia declarações de amor, elogios, palavras picantes e convites indecentes de uma mulher incrível. Quanta felicidade!

Ele chega ao trabalho, liga o pc, checa seus emails e... Adivinha? No meio dos spams e emails chatos falando de trabalho, ele encontra uma mensagem da sua amada, fazendo um convite especial para a noite. Ela o deixava tão excitado! E ele ficava impressionado como, mesmo distante, ela se fazia tão presente na sua vida.

No meio da tarde, ele recebeu um pacote que se intitulava ‘urgente’. Curioso, foi olhar o remetente. Era ela, claro. Só podia ser ela. Ele recebeu um bolo metade chocolate preto, metade chocolate branco. Bem casado. (Ela também era fã das mensagens subliminares). A decoração do bolo ficou por conta do “eu te amo”, escrito com chantilly. Enquanto a maioria nem pára para comer durante o trabalho, ele tinha a oportunidade de se deliciar com as surpresas da namorada. Ele não seria infeliz nem se quisesse!

No fim daquela tarde de sexta, ele recebeu um SMS confirmando o local do encontro, uma praia numa cidade próxima de onde moravam. Quais surpresas o aguardariam agora? Será que existiriam mais palavras à sua espera? Ela o conduziu até a beira do mar e lhe revelou as inscrições que tinha feito na areia um pouquinho antes de ele chegar. Com os olhos marejados, ele leu uma linda declaração de amor. Leu as palavras mais belas e doces que seus olhos já viram e sentiu seu coração tocado por um amor sublime.

Logo em seguida, ela o levou até o local que tinha preparado para passarem a noite ali mesmo, à beira-mar. Sob a benção do céu estrelado, ela novamente escrevia, agora com leite condensado no corpo dele. Naquele momento, ele pensou que poderia morrer, pois acreditava já ter atingido o ápice da felicidade. Acontece é que ele estava bem vivo e, como dizem, a noite é uma criança (e criança levada).

O dia amanheceu e ele acordou com ela olhando pro céu, dizendo que gostaria de escrever o nome dele nas nuvens. Como ela não sabia como fazer isso, de forma provisória, resolver registrar essa história em um post para o seu blog.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Tua ausência, meu vazio


“Hoje faz quatro meses, dezoito dias e mais ou menos umas seis horas que nosso relacionamento acabou. Não tenho nome, perdi a identidade. E, junto com ela, se foi a minha felicidade. Não mais vivo, somente sobrevivo. Carrego uma dor profunda, que parece não ter fim. Choro todos os dias baixinho no travesseiro. Tomo antidepressivos de seis em seis horas, todos os dias também. Eu sei, posso parecer chorona. Enganam-se. Sou uma mulher como todas as outras.

Não consigo me concentrar em nada, não gosto mais de nada, nada mais me satisfaz. Perdi a fome, o sono, a alegria de viver. Perdi a fé, a confiança, a felicidade das coisas pequenas. Perdi a razão, a sanidade. Rezo para não perder a cabeça. De tanto olhar pro indefinido, acho que perdi o foco.

Não culpo ninguém. Nem ele. Nem ela. Também já não me culpo mais. Nada faz sentido mesmo. Me sinto excluída de tudo. Acho que ninguém sente a minha falta. Mas eu sinto a falta de alguém. Esse é exatamente o problema: sinto falta de alguém. A vida é um esporte coletivo, não dá pra jogar sozinha.

Tenho a impressão que roubaram o meu coração, pois só o que consigo sentir é um vazio no peito. Minto. Também consigo sentir muita dor. Parece que estou sofrendo de uma fratura exposta. To vendo tudo ali, destroçado, mas não posso fazer nada. Dói feito a morte, se é que a morte dói tanto.

Por outro lado, estou começando a pensar se tem remédio que conserte, se vou conseguir voltar a ser a mesma de antigamente, se conseguirei tocar a vida sem me sentir aleijada. To começando a achar que esse vazio não me serve mais. Então escrevo, pra exorcizar esses demônios”.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Nós estamos separados



Nós estamos separados. Às vezes eu acho que é bom; às vezes eu acho péssimo; na maioria das vezes eu nem sei o que achar. Sabe aquela história do copo metade cheio, metade vazio? Acho que nós quebramos o copo. Só não é preciso esmigalhar os cacos, baby.

Nós tentamos fazer dar certo (não tentamos?). O problema é que, na verdade, nós sempre detestamos a fragilidade um do outro. Na verdade mesmo, nós despertamos os demônios um do outro. E eu nunca gostei – e sempre tive medo - de que tu fiques te apaixonando pelos outros, assim, desse teu jeito... Aí, quando eu menos esperava, tu sempre pegavas uma coisinha de nada, uma palavrinha quase inaudível, um olhar quase imperceptível e distorcias e machucava o meu coração.

Tá certo que eu to sempre exaltando a beleza do tumulto, do caos... Mas isso não é motivo pra separação. Eu não sou sinônimo de desamor. Acho que a gente nunca se entendeu porque tu queres alguém pra sonhar, não pra viver. Somos diferentes, baby. Mas ainda não é motivo pra separação. Tu me chamas “louca”, mas sabes que eu sou uma louca com razão. Desculpa, mas eu não sei voar com os pés no chão.

Ô moreno, se tu soubesses como é doce teu veneno... Como tu me dói de vez em quando... Por isso fiz minhas malas e fui embora de ti. É, não quero mais nada de ti. E isso me faz sentir a pessoa mais corajosa do mundo. Por que todo grande amor precisa de algum tipo de suicídio? Por que morrer de amor, se podemos viver por amor, baby?

Só sei que ainda te espero pra ter uma linda conversa sobre a vida. Ou será que ainda espero um novo começo?