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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Ai, ai...



Conheço esse silêncio. É um silêncio que tem medo de falar o que pensa. É o silêncio que tem medo de revelar o que quer. Um silêncio que consome sentimentos que deveriam ser livres. Um silêncio observador, que sofre. Mas que sofre em silêncio. Um silêncio ensurdecedor. Que em vez de morar no coração, mora na cabeça. Um silêncio que a todo custo tenta ser tranquilizador, mas nem chega perto disso. É um silêncio inquieto, que perturba. É um silêncio que não gosta de ser silencioso. Um silêncio que tem muita coisa pra dizer, mas não diz nada.

É um silêncio que canta todas as noites. É um silêncio que não consegue dormir e fica incomodando. É um silêncio que não quer permanecer calado.

Um silêncio bobo, fanfarrão. Que não deixa em paz. Que faz questão de não passar despercebido. Que gosta de tirar do sério.

Um silêncio burro. Que se fosse colocado pra fora resolveria o mundo.

Um silêncio que me cerca, me envolve, que me instiga a decifrá-lo. Um silêncio que quer sentar do meu lado e pegar minha mão. Um silêncio que eu quero ouvir de pertinho.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Desamor




Tu já parou pra pensar em desamor? Alguém aí sabe o significado de desamor?

Numa análise rápida, alguém pode me dizer que desamor é o contrário de amor. Mas não é, pois o contrário de amor é ódio. E então, o que é desamor?

Desamor é falta. Falta de interesse na pessoa amada. Falta de significado na relação, “vulgo” indiferença. Desamor é falta de amor. Falta de sentimentos nobres. Falta de carinho. É onde deveria ter muito amor, mas não tem. Desamor é uma mistura de aborrecimento, desafeição, desapego e desprezo. Desamor é crueldade.

Desamor é silêncio. Uma prova eloqüente de desdém. Desamar é não dar atenção. Desamor é estar insatisfeito consigo mesmo; é viver num mal-estar constante; é sofrer de desconforto emocional.

Sofre de desamor quem não ama a si próprio. Sofre de desamor quem ama mais o outro do que a si mesmo. Desamor é um relacionamento amoroso insatisfatório, seja ele como for.

Mulheres reconhecem um desamor de longe, pois são constantes vítimas desse sentimento. Ele geralmente é originário dos homens, que sempre têm dificuldade em expor o que sentem. Não raro eles disfarçam sua inabilidade amorosa com um comportamento promíscuo, às vezes agressivo, ou simplesmente abrem mão do que sentem.

Na busca desenfreada por um amor, por um relacionamento para dar satisfação aos outros ou a si mesmo, a cobrança de constituir família, entre outros, existe um risco muito grande de tudo dar errado. As vítimas de desamor são carentes. São aquelas pessoas que estão sempre precisando de um abraço, que têm medo de compromissos, que precisam ouvir constantemente que são amadas. O histórico dessas pessoas é permeado de sofrimento, mágoas e decepções.

As pessoas que sofrem de desamor não sabem romper com essa situação porque sempre acabam buscando fórmulas prontas. Elas acham que usando dicas de livros de auto-ajuda vão conseguir resolver seus problemas. Acham que seguindo modelos pré-estabelecidos vão encontrar as respostas de que precisam. Doce ilusão! Como se fosse possível conhecer uma pessoa somente convivendo com ela. Como se o diálogo fosse suficiente. Como se amor não precisasse de improvisação, de ineditismo, de sinceridade.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

A diferença



Eu não preciso pedir desculpas pra ninguém. Eu não brinco com os sentimentos alheios. Eu não preciso mandar flores pra me desculpar. Eu não preciso procurar mensagens românticas na internet porque não sei escrever. Eu não preciso dar presentes pra dizer o que sinto. Eu não preciso disfarçar no telefone. Eu não preciso agredir alguém para me sentir melhor.

Muito pelo contrário. Eu ligo pra dizer bom-dia, boa-tarde ou um boa-noite. Eu ligo para dizer palavras bonitas, sinceras, escritas com o meu coração. Ligo porque não sou egoísta, ligo porque sinto saudades alegres. Ligo porque me importo. Ligo porque não me cobram ligações. Eu escrevo coisas lindas pra quem julgo valer a pena. E escrevo coisas lindas pra quem não vale nada também. Coloco o bem-estar de quem amo acima do meu, e faço isso de olhos fechados, sem medo de errar.

Recebo tudo o que faço de bom em dobro. Recebo sinceridade, carinho, bondade, tudo em doses cavalares. Recebo palavras de incentivo, cartas de amor, lugares inesquecíveis, noites inspiradoras, coração quente, felicidade simplificada, amor doce, olhares penetrantes, carinho revitalizador.

Eu tenho o mundo aos meus pés. E nesse mundo só tem pessoas boas. Aqui pessoas más não existem, pessoas invejosas estão em falta, orgulhosos e egocêntricos estão em extinção. Aqui só tem do bom e do melhor. Não tem espaço para nenhuma pequenez.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Realização



Como é bom colocar um sonho em prática. Mas não desses sonhos "tipo" desejos, planos, metas. Tô falando de sonhos “sonhados” mesmo. Aquele sonho, que surgiu numa noite como quem não quer nada, que parecia sem importância, livre das nossas intenções. O sonho em si não é “tudo isso”; o ato de realizar é que conta. É onde a realização ultrapassa o significado. Se sonhar é bom, realizar é melhor ainda.

Sonhei despretensiosamente. E, por motivos desconhecidos, coloquei esse sonho no papel. Será que um dia eu tive esperança de realizá-lo? Talvez, pois, como dizem, a esperança é a última que morre. Só sei que se não o tivesse escrito, não lembraria tão perfeitamente de cada detalhe. E só assim também pude aprender como os detalhes são importantes, como fazem toda a diferença, como transformam as coisas, como dão mais sentido à felicidade.

Como é bom encontrar alguém disposto a realizar nossos sonhos. Como é bom ficar perto de alguém que nos incentiva, que dá asas a nossa imaginação.

O sonho é uma pintura e sua realização é uma obra de arte. A repetição que leva à perfeição.

Ele e ela. O mesmo deslumbramento. No mesmo lugar. O mesmo frio na barriga. As mesmas roupas. As mesmas palavras não planejadas. Os mesmos olhares. A mesma trilha sonora. A mesma noite. O mesmo sonho.

Sonho bom, sonho leve. Tão leve como me sinto e tão leve como as palavras que aqui escrevi.