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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Eu, tu, nós



Meu bem, esse ano eu pedi o teu amor pro Papai Noel.
Tu é minha promessa de ano novo.
Só quero ficar contigo seja aonde for, aqui ou lá no céu.

Meu amor, vou fazer de tudo pra gente ficar junto.
Vou erguer as mãos pro céu em oração pra conquistar o teu amor.
Por ti vou na cartomante, jogo búzios e tarô.

Vou costurar nosso nome na boca do sapo.
Vou fazer uma simpatia pra te conquistar de vez.
Vou escrever tuas iniciais na minha pele.
Vou cultivar um trevo de quatro folhas e mandar benzer.

Pelo nosso amor aprendo todos os mantras e a rezar Ave-Maria.
Escuto o CD do Padre Marcelo Rossi, faço mandinga e bruxaria.
Por ti ponho o Santo Antônio de cabeça pra baixo, acendo vela pro Negrinho do Pastoreio e na esquina faço despacho.

Faço reza braba, tomo passe, dou dinheiro pro pastor.
Uso calcinha vermelha no ano novo, tomo banho de sal grosso, vou no Programa da Márcia declarar todo o meu amor.

Vou ler a bíblia do gênese ao apocalipse quantas vezes for necessário.
Viajo até a Bahia só pra amarrar a fitinha do Senhor do Bom fim e entregar meus piores pecados no confessionário.

Vou escrever uma carta pro Papa nos abençoar.
Vou aprender a andar num pé só que nem Saci.
Sou capaz de fazer qualquer coisa só pra te ter aqui.

Vou pedir pro padre rezar um missa em nossa homenagem.
Vou pedir teu amor pra mãe de santo no terreiro.
Vou pular onda no Guaíba.
Vou pedir ao Cupido, quando te flechar, que seja certeiro.

Vou dar um gole pro santo.
Vou meditar no templo budista da Redenção.
Cruzo os dedos, solto foguete.
Faço o que tiver que fazer pra conquistar teu coração.

Vou contratar um guru pra quebrar qualquer tabu, vou carregar uma ferradura sem frescura.
Tu vai ver, nosso amor vai ficar cada vez mais forte.
Por ti vou andar o mundo inteiro pra fazer meu patuá.
Vou comprar o biscoito da sorte, vou fazer oferenda pra Iemanjá.

Vou te psicografar uma carta de amor e até o Polvo Paul consultar.
Tudo isso pra esse nosso amor eternizar.
Namastê! Oxalá!

sábado, 25 de dezembro de 2010

Sempre igual



Todo final de ano é a mesma coisa. É sair pra comprar presentes de última hora e enfrentar filas desumanas nos shoppings. É arrumar briga nos estacionamentos por causa de vaga. É reunir a família pra comemorar uma data que ninguém sabe direito o que é. É quase querer desistir da vida com a programação de fim de ano da TV.

E reunir a família é sempre a mesma coisa. Parentes distantes que deveriam continuar distantes. Aquela gente que parece que se reúne só pra reclamar da vida, fazendo um verdadeiro campeonato de desgraças, cada um querendo fazer o papel de vítima protagonista. Tudo isso, fora aqueles presentes que só vão ocupar espaço em nossas vidas, pois nunca chegarão a ser utilizados.

O natal tem seus personagens típicos e eu não estou falando do Papai Noel, do Jesus Cristo ou do Roberto Carlos. Me refiro à tia que sempre dá aqueles presentes de deixar qualquer um com vergonha. Ela esquece que às vezes a gente só quer um presente normal, que não precisa ser nada criativo. Me refiro ao pai, que sempre ganha meias ou cuecas, como se essas fossem as únicas necessidades de um homem. Me refiro também ao tio que enche a cara e começa a falar “verdades”. Confesso que esse é o meu personagem preferido, contanto que ele não se lembre da minha existência. O tio faz o papel que nunca temos coragem de assumir, traduzindo os nossos pensamentos inescrupulosos em palavras que sóbrios jamais conseguiríamos pronunciar. Ele usa o álcool como facilitador social e não sofre sansão alguma. Eu quase conseguiria sentir inveja, se a situação não fosse tão medíocre. Até acho que todo mundo passa a “mão por cima” desse tio porque, no fundo no fundo, o seu desabafo é o mesmo desabafo de qualquer um presente na festa de natal.

Todo natal é aquela champanhe meia-boca, aquele calor senegalês cada vez pior (maldito aquecimento global!), aquele amigo secreto que nunca conseguiu ser realmente secreto. Todo natal são desenterradas aquelas musiquinhas-que-nunca-deveriam-ter-sido-gravadas e que grudam na cabeça da pobre criatura, sem contar o parente que sempre ressuscita o cd da Simone. Todo natal as mães se reúnem pra exibir e comparar seus filhos aos das outras e, de quebra, falar mal de mães alheias. Todo natal as pessoas comem dizendo – da boca pra fora – que não deveriam comer tanto, mas sempre dão panetones de presente.

Acho que é isso: o natal é a festa da “boca pra fora”, a celebração máxima da hipocrisia. É quando começam a surgir todas aquelas promessas-que-vão-mudar-a-sua-vida para o ano novo, mas que não vão passar da ressaca do réveillon.

E o mais engraçado de tudo isso? Todo mundo sabe e concorda com as coisas que eu disse e mesmo assim não faz nada para mudar. É essa perpetuação da hipocrisia que me incomoda. Por que ninguém dá o primeiro passo pra modificar essa situação? O que mantém as pessoas nessa inércia de final de ano? Será que todos só reclamam da boca pra fora?

Acho que é medo de assumir que o ano não foi como pretendíamos, que fracassamos na realização dos nossos sonhos. É muito mais fácil seguir o ritmo que mudar o andar da carruagem.

Com certeza podemos ser pessoas melhores. Mas pra isso é preciso ação. Cabe a cada um fazer acontecer.

#porumnatalsemhipocrisia

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Primeira pessoa



Desculpa seu eu escrevo em primeira pessoa. Jamais sabeira fazer diferente.

Eu não sei por que mãos tu já passou. Eu não faço idéia o quanto teu coração foi ferido. Eu não sei o quanto tu já amou nessa vida. Nem imagino o quanto tu já sofreu.

Eu também não sei quantas lágrimas já rolaram por minha causa. Não sei quantos corações eu já iludi. Não sei quantas pessoas eu consegui fazer feliz. Nem sei se sou boa pessoa.

Só sei que hoje estou disposta a tentar te entender. Abro mão do que for pra curar as tuas feridas que o tempo ainda não deu um jeito. Vou consertar nossos corações. Faço o que tiver que fazer pra conquistar teus sorrisos sinceros. Vou te fazer feliz, juro.

Vou guardar cada beijo como se fosse o último, pois sempre guardei cada um dos teus olhares como fossem únicos – porque são. Não me canso de repassar um por um na minha memória, sei todos de cor. Se fecho os olhos, então, sou capaz de escutar todas aquelas frases prontas que tu me dizia.

Não ligo mais toda vez que for trocada por uma pilha de trabalhos trazida pra casa – até sou capaz de ajudar. Não vou me importar passar horas discutindo assuntos que eu não gosto, mas que te fascinam. Não vou ligar pras tuas perguntas sem cabimento. Eu vou amar o teu silêncio a cada não resposta. Vou agüentar tuas implicâncias até tu sentir vontade de me dizer coisas doces.

Tu nem sabe, mas te ponho pra dormir e zelo pelos teus sonhos todas as noites. Te escrevo coisas lindas todos os dias. Meço cada vogal, cada consoante, só pra me assegurar que as minhas palavras são em favor da tua felicidade. Vou dosar minha sinceridade na medida certa. Vou ter que mandar beatificar teu sorriso.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Poeminha



Tenho uma amiga que nao lê meu blog, mas que vive reclamando que eu não escrevo nada pra ela. Mal sabe ela que coloco todos que amo em meus textos. Infelizmente, hoje ela vive um desses "percalços" que só uma vida bem vivida é capaz de proporcionar. Como eu sempre digo, a dor é um dos sentimentos que mais une as pessoas. Em tua solidariedade e homenagem.



Fico sem ar, sem chão, sem posição para me acomodar.
Se fico sem dormir, como um dia vou acordar?

Fico sem entender, fico triste.
Estou assim desde que partiste.
Fico muito mal, fico louca.
De agora em diante, quem será o dono dos beijos da minha boca?

Posso facilmente rimar amor com dor, mas o que sinto é decepção.
Como faz pra consertar o coração?
A minha respiração fica por vezes sem ar.
Acho que preciso aprender a praticar perdão com as pessoas que não sabem amar.

Com esse calor estão chegando as férias.
Quem sabe assim eu não me agarre a outras idéias...
Quero ver o mar para consolar as minhas lágrimas.
Quem sabe assim eu consiga virar a página...

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Ser borboleta



Cada um acredita no que quer, no que lhe faz mais feliz. Eu acredito em borboletas.

As borboletas trabalham nossos cinco sentidos como poucos. Elas colorem nossa visão, perfumam nossa existência, são doces como o mais açucarado sabor, são ensurdecedoramente silenciosas e, quando pousam sobre nós, nos acariciam encantadoramente.

As borboletas são seres mágicos, com um vôo inocente. Conseguem acompanhar perfeitamente a brisa do vento, sem perturbações. São capazes de fazer as trajetórias mais bonitas e tranqüilas que podemos um dia presenciar. As borboletas são os seres mais suaves que existem, incapazes de aborrecerem alguém. E o que têm de belas, têm de frágeis. São encantadoras e enigmáticas ao mesmo tempo. Nunca entendi  de onde sai toda aquela leveza... Jamais compreenderei como conseguem ser tão livres...

As borboletas conhecem intimamente o milagre da vida. Elas carregam humildemente o pólen que é transformado nas lindas flores que habitam nosso dia-a-dia,  nos trazendo beleza e alegria. São divinas. Só assim para entender por que dizem que borboletas são flores que voam...

Se já não é suficiente, as borboletas ainda nos dão uma lição de moral com as suas metamorfoses. Nos ensinam que na vida é preciso passar por mudanças radicais, que devemos sempre evoluir, que o mesmo ser pode assumir aparências diferentes, mas sua essência continuará sendo a mesma. As borboletas são os seres mais confiantes do universo, pois parecem sempre saber exatamente o caminho que devem seguir.

Além de tudo, as borboletas sempre trabalham em favor da nossa felicidade. Quando estamos apaixonados, elas fazem questão de se instalarem em nossa barriga, para nos proporcionar aquelas sensações gostosas, que todos os amantes conhecem. Dessa forma, elas compartilham conosco um pouco do seu agradável estado de espírito, sem exigir nada em troca. São seres incrivelmente incríveis.

Como eu não poderia acreditar?

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Felicidadeeee, com F maiúsculo e E estendido



Já escrevi muitas coisas sobre felicidade aqui no blog. Aqui vai só mais um post.

A felicidade precisa de barulho. É para ser cantada aos quatro cantos e não escondida a sete chaves.

Dizer-se feliz não quer dizer nada. Tem que sentir lá dentro, tem que demonstrar, tem que estar escrito na testa, ficar registrado no sorriso, tem que estar presente na respiração. Felicidade tem que TRANSPARECER. A felicidade é para ser multiplicada, não é algo para ser se usufruir sigilosamente. Não tem como se esquivar ou despistar: ninguém é feliz em silêncio.

Felicidade foi feita para ser espalhada, é para contagiar. E contagiar envolve o mundo todo, não apenas uma ou duas pessoas. A felicidade nasceu para ser manifestada. É extrovertida. O motivo da felicidade é para ser exaltado. O nome da felicidade de cada um é para ser escrito deliciosamente com todas as palavras, de forma explícita, não em metáforas, mensagens subliminares ou de forma figurada. Felicidade de verdade mesmo não vê limitações ou proibições. Ser feliz em segredo não existe, é ilusão. Não existe felicidade na clandestinidade.

Quem é feliz de verdade entende o que eu quero dizer e deve ter achado minhas palavras óbvias demais. A felicidade é doce. Quando estamos felizes não nos agüentamos em si, somos obrigados a compartilhar. Felicidade não dá pra disfarçar.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Loucura



Doida. Daquelas capazes de mudar qualquer coisa a qualquer hora. Que ignora a zona de conforto. Ou que talvez a zona de conforto seja realmente estar sempre em alteração. Tão doida que é capaz de fazer o que não gosta. Doida de questionar o inquestionável e ainda convencer deus e o mundo do que bem entender. Doida de conseguir achar uma opinião diferente de todas as outras já existentes. Tão doida que consegue esconder o que sente e contar pra todo o mundo ao mesmo tempo.

Doidíssima. Daquelas capazes de abrir mão do amor da sua vida. Doida que não tem medo de deixar esse mundo. Tão doida que esquece as refeições. Doida que viaja 800 km só pra conseguir respirar de novo, ou que viaja esses mesmos 800 km só para poder sentir saudade. Doida que coloca no papel os sonhos que tem e faz um check-list de tudo o que precisa pra realizá-lo e realiza. Doida de deixar coisas inacabadas só para ter um ponto final.

Tão doida que não acredita em proibições de qualquer tipo, afinal doidos não gostam de limitações. Doida daquelas de contrariar todo o mundo. Doida de chorar a noite inteira. Doida que troca o sono por papel e caneta. Doida que troca tudo o que tem por nada, só para começar tudo de novo. Doida que não tem medo de dar tchau ou de se sair sem se despedir pra nunca mais voltar. Tão doida que adora trocar o certo pelo incerto.

Doidona! Doida que acha que “se virar nos 30” é perda de tempo. Doida daquelas de conversar com as flores. Tão doida que até as borboletas a seguem. Doida daquelas que ainda escrevem cartas de amor, que fazem poesias, que mandam cartas manchadas de batom. Doida capaz de largar tudo o que ama pra ter tudo o que quer. Doida capaz de largar tudo o que quer pra ter tudo o que ama. Tão doida que só faz pensar em outro doido.

Acho que é isso: doida procura doido. Doida doidíssima procura doido doidão para doideiras doidonas.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Olhos



Olhos ávidos, atentos. Olhos que compreendem tudo o que vêem e por isso estão sempre há procura de algo diferente. Buscam qualquer coisa singular, por menor que seja; qualquer coisa que possa causar um ponto de interrogação. Olhos capazes de entender uma pessoa bem mais do que ela própria se entende. Olhos que sabem separar emoção de razão. Olhos de leitura dinâmica, de leitura profunda. Olhos que lêem – no mais profundo significado do verbo – o que está escrito e o que não está. Olhos que sabem ler o que está escrito nas entrelinhas, nas mensagens subliminares ocultas. Olhos que enxergam o significado intrínseco, que enxergam o implícito. Olhos que, ao ler, são capazes de compreender o que a pessoa pensou na hora em que escreveu. Olhos que analisam todas as vírgulas, todos os pontos finais, cada exclamação, as repetições, cada letra ausente nas abreviações. Olhos que enxergam padrões em tudo o que lêem e que por isso procuram resquícios da menor alteração possível, em busca de algo que fuja do comum. Olhos que gostam do inesperado que quase nunca acontece. Olhos que entendem as coisas antes de elas acontecerem.

Os mesmo olhos que brilham a cada vez que enxergam um futuro feliz são os que caem em lágrimas cada vez que lembram o passado.

São olhos que se curvam a cada vez que mentem para o seu dono. Olhos que não fecham à noite e ficam vagando pela escuridão.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Flor



Hoje coloquei meu nome numa flor. Ela surgiu em minhas mãos, caída dos céus. Tanto lugar e foi parar justamente entre meus dedos. Às vezes a gente fica cobrando uma resposta do universo, de deus, do destino, da vida – sei lá como cada um chama – e não percebemos que o que tanto procuramos pode estar em nossas mãos.

Fiquei me perguntando o que aconteceria com aquela flor dali pra frente. Ela era lilás, exatamente do mesmo tom da blusa que eu estava usando. Não poderia ser mais óbvio.

Com certeza, essa flor não vai permanecer em cima do banco, onde a deixei. Provavelmente ela vai voar por aí. Pode ser que ela percorra um longo caminho; talvez não vá muito longe. Talvez seja pisoteada sem dó por uma pessoa qualquer. Talvez, se fosse cuidada, poderia dar origem a outras como ela.

Uma flor frágil, exalando os últimos suspiros daquela vida. Uma flor que poderia ter caído no chão, como tantas outras, mas que escolheu cair chamando a atenção. Uma flor que, definitivamente, sabe cair. Uma flor que de repente vai ser percebida por alguém, que intrigado vai pegá-la na mão e perguntar “quem é essa flor?”, “de onde veio?”. Alguém que pergunte “por quê?” ou, num momento de maior lucidez, “por que não?”.

Por via das dúvidas, eternizei minhas iniciais nela.