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sábado, 26 de março de 2011

Meu livro é você



 “Eu devo admitir que você não fazia parte do meu livro. Mas agora, se você abri-lo e der uma olhada você é o começo e o fim de cada capítulo.”

Eu gosto de escrever e dessa liberdade que só a escrita me dá. Eu faço uma escolha minuciosa das palavras que compõe a minha vida. Eu gosto de escrever a minha história uma página de cada vez, sem pressa, tentando evitar os erros. Sou autora da minha própria história. E sou uma grande escritora.

A história é minha e quem manda sou eu. Nunca aceitei que alguém escrevesse por mim, nem precisei de editor ou corretor, e jamais permiti nenhum tipo de censura ou intromissão. Eu me escrevo, me invento, reescrevo, reinvento, abro e fecho aspas. Ponho ponto final onde bem entendo e, se preciso for, “puxo uma perninha” e transformo o ponto em vírgula. Se necessário, apago, escrevo por cima, rabisco, viro a página, faço nota de rodapé.

Sou como um bom livro, cheio de surpresas, reviravoltas, de agradável leitura e que exige ser manuseado corretamente. Sei emocionar como ninguém, dar prazeres inenarráveis, marcar vidas alheias e deixar saudades eternas. É, nasci para ser best-seller, não pra ficar pegando pó numa biblioteca qualquer.

No capítulo atual, a minha história ganhou um outro personagem. Ele surgiu assim como quem não quer nada, foi ganhando espaço e agora já faz parte de mim, da minha vida, da minha escrita. No início achei que seria só mais um coadjuvante, mas este se desenvolveu e me conquistou de vez. Não tem mais corretivo que apague ou borracha que altere. É que ninguém consegue fugir da sua própria história.

Eu não sei quais serão as cenas dos próximos capítulos, ou se vão ser boas ou ruins. Isso já não depende mais de mim. A minha história já não é mais só minha, agora escrevo em co-autoria.

Nossas histórias estão tão envolvidas que já fazemos parte de um livro único. Não tem mais jeito, tu estás na minha história, assim como eu estou na tua. Agora é “mãos à obra”, literalmente. Vamos continuar escrevendo essa história, escolhendo cuidadosamente as palavras, pensando melhor as cenas, excluindo os vícios de linguagem.

Baby, usa aquele lápis novo, todo colorido, que eu te dei. Deixa o apontador do lado, que só estamos começando. Vamos escrever imaginando que todas as pessoas têm um marca-texto na mão e que estão loucas para sublinhar nossas melhores partes. Vamos lá, vamos abusar das mensagens subliminares, das entrelinhas e do negrito. Vem nos escrever comigo.

domingo, 20 de março de 2011

Já fez a sua declaração de amor hoje?




Todo mundo ama, independente da forma de amor. Pode ser amor de pai, de mãe, de amigo, de vizinho, ou para com o animal de estimação. Tanto faz. O amor sempre assume a importância e a forma que damos a ele.

Sabe aquele vizinho que cuida da sua casa quando você está viajando, que recolhe o jornal, que aproveita para limpar a sua calçada quando está lavando a dele? Isso é amor. Ou aquele amigo que sempre te diz a verdade por mais dolorida que ela seja, que te dá bons conselhos? Amor. Ou o professor, que ensinou as grandes lições do colégio da vida e sempre será lembrado como um grande mestre? Também é amor. Ou aquele colega de trabalho, que confirma a tua mentira pro chefe, que te ajuda no que precisa mesmo não sendo pago pra isso? Love is in the air.

Isso tudo é amor, na sua forma mais simples e descomplicada. São sentimentos que acabam muitas vezes passando despercebidos, que não deixam marcas bem delimitadas, mas que fazem uma falta absurda quando não se fazem presentes. São sentimentos que a gente acha que está implícito e que, por esse motivo, não precisam ser demonstrados.  É triste perceber que amores de uma vida inteira podem não ser reconhecidos como merecem... Quem foi que inventou essa desvalorização do amor?

Falar de amor é tão bom. Por que não damos a certeza do nosso amor a quem nos ama? Por que não colocamos mais sentimentos nas despedidas? Por que não podemos deixar tudo às claras? Eles merecem. Vamos demonstrar, transbordar, transparecer, celebrar todo esse amor que nos move. Afinal de contas, nada como amar e ser amado.

Como é bom cantar o amor, sussurrar um “eu te amo” ao pé do ouvido, ou gritar bem alto pra todo mundo ouvir o quanto amamos. O quão extraordinário é escrever um bilhetinho pra deslumbrar o coração da pessoa amada. Pode ser uma mensagem num mero post-it, um sms, uma frase no espelho escrita com batom, a forma escrita pelo dedo no vidro embaçado pelo chuveiro quente, uma tatuagem marcada na pele... No amor não importa o suporte, o que vale é o gesto.  

Seja uma declaração modesta, seja uma cena pra ficar na memória de todos, o que importa é demonstrarmos o nosso amor como se não houvesse amanhã. E você, já fez a sua declaração de amor hoje?

domingo, 13 de março de 2011

Coração sabe-tudo


Num belo dia, numa despedida qualquer, meio sem querer, ele disse que queria falar comigo. Eu já tinha em mente que um dia isso poderia acontecer, até já tinha ensaiado umas mil respostas para dar, mas naquele momento só saiu um “não tenho nada pra falar contigo”.

No que eu me distanciava, ele, numa espécie de última tentativa, disse, precisando aumentar o tom de voz:
- Eu vou escrever um livro chamado “As mulheres que me levaram à ruína” e tu vai estar no prefácio!
Diante àquela provocação, eu, que não tinha nada pra falar, que não queria falar nada, mas que também não leva desaforo pra casa, me obriguei a responder e acabei entrando na brincadeira.
- Como assim, no prefácio? Tem gente que acha que nem precisa ler o prefácio de um livro! Tem gente que pula direto pro primeiro capítulo! Eu quero um capítulo especial, eu quero um capítulo muito bem escrito. Eu quero um capítulo com páginas de cor diferente, com destaque. Não, não! Eu não quero uma história misturada com as tuas ex. Eu quero um livro só meu. Eu quero um livro só pra mim. Eu quero que tu escrevas só pra mim!

Quando finalmente cessei aquele desabafo descontrolado, ele me olhava admirado. Enquanto eu ainda digeria as palavras que acabara de proferir, tentei advinhar o que ele estaria pensando. Lá estávamos, nós dois, um olhando o outro, quase em transe. Lá estava aquele olhar encantador, me encantando mais uma vez. Lá estávamos nós, nos entendendo novamente. Lá estava ele, escrevendo sobre mim com o olhar, mas dessa vez sem nenhuma relação com ruínas ou qualquer tipo de destruição. Pelo o que pude ler em seus olhos, acho que era alguma história envolvendo amor.

Embora as palavras não fossem mais necessárias naquele momento, meu coração se atreveu a pronunciar uma frase em tom de desculpas. “Eu nunca quis levar à ruína. Eu quero te levar pro céu”. Logo eu, que não tinha nada pra falar.

Quando não temos nada pra dizer, é melhor deixar o coração se expressar que tudo fica certo.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Dor de amor


 
A última ligação que a minha história mantém com a história dele é a dor. Não nasci pra ser sua ex, nem o achei na lata do lixo, nem o encontrei por acaso. Não foi coincidência ele ter entrado na minha vida. Para tudo existe um motivo. Minha história com ele ainda continua sendo escrita, mesmo que somente eu continue digitando capítulo por capítulo.

Eu e ele deixamos muitas coisas pra trás. O que passou, passou. O problema é o que ficou. É que simplesmente não existe crime perfeito. Toda ação tem sua reação.

Onde será que ele escondeu as seqüelas que o atingiram? Como consegue camuflar tão bem a sua parte? Será que ele é capaz de esquecer um amor vivido de forma audaz? Já as conseqüências sobre mim tiveram um valor inestimável. Perdi muita coisa, quase tudo. Logo eu, que achei que não poderia perder mais nada. Pelo menos a dieta da dor de cotovelo veio a calhar. Funciona melhor que muito Photoshop.

Esses dias li que o que é verdadeiro sempre volta. Não concordei. O que é verdadeiro mesmo nunca chega a ir embora. Eu nunca precisei retornar, porque simplesmente nunca fui. Cá me encontro, tentando sofrer com discernimento.

Todo o dia eu dou pequenas novas chances a ele. Basta enxergar. Eu sei que não se pode negociar os momentos que podem mudar a nossa vida, mas é que qualquer sinal da parte dele, por menor que seja, seria muito bem vindo. Porque saber é sempre melhor do que supor.

quinta-feira, 3 de março de 2011

O homem de trinta não entende nada de amor



O homem de trinta não entende nada de amor. Deve ser culpa desse prolongamento da adolescência.

Para ele, não é problema conseguir mulher. Ele já escolheu profissão, possui emprego fixo, apê próprio, carro quase do ano... Para ele, é muito fácil conquistar guriazinhas dez anos mais novas. Ele é um galanteador de primeira, sabe e fala tudo o que elas querem ouvir, conhece as promessas que deve fazer. Sabe ser irresistível, pois já tem uma longa estrada de experiência em relacionamentos.

Ele se envolve sempre superficialmente; foge de relacionamento sério como foge da cruz. Antes de gostar de qualquer pessoa, ele gosta em primeiro lugar de segurança – a sua, é claro. Não quer colocar o coração em jogo, pois tem medo de se apaixonar e perder a razão. Tão racional o homem de trinta! Ama o estado civil “solteiro” mais do que a mãe. Ele leva suas relações até onde dá, até o ponto em que a vítima não conseguir mais se enganar. Aí ele dá um tempo, esfria a cabeça, e parte para cima novamente. Sempre consegue o quer, pois, como eu disse, é irresistível. Mas isso até ele encontrar outra que provoque seu posicionamento de macho alfa.

O problema maior é que ele não sabe muito bem a hora nem a maneira certa de acabar um relacionamento definitivamente. Da mesma maneira que ele não sabe levar um fora, não sabe dar. Isso faz com que todas as suas separações sejam muito dolorosas, quase uma tragédia emocional, no estilo novela mexicana.

É por isso que eu digo que o homem de trinta não tem ex, tem vítima. Na sua vida, sempre sobram dores, muita raiva e orgulho doentio. A sua felicidade é momentânea, que nem saudade - dá e passa.

Ele ainda não construiu nada que prestasse em vida. Sempre sonhou em ser mais, mas nunca fez nada para conseguir. Não tem ninguém, além da mãe, para cuidá-lo quando está doente. Não tem filhos, embora seja apaixonado por crianças. Não sabe lidar com a pressão dos pais, que não conseguem esconder o descontentamento em não vê-lo casado, bem sucedido e com filhos. É que o homem de trinta vive arrumando desculpas para não ser feliz. Um medroso! E dos grandes!

Onde será que ele aprendeu tanto sobre desamor? Como ainda não aprendeu o que é valorizar uma pessoa? Por que ainda não sabe a hora de guardar o orgulho?

Mal sabe ele que a vida de galanteador não vai durar para sempre... Um dia, o rostinho bonito e o charme vão acabar.

Meninas, o homem de trinta, sob pena de efeito colateral grave, deve ser consumido em doses homeopáticas. Antes que ele te consuma.

E... Homens de trinta, não façam da sua idade um castigo. Permitam-se!

quarta-feira, 2 de março de 2011

Ciúme se escreve com T


 


Ciúme se escreve com T de temperatura, de tempero e de tesão.

Ciúme tem tudo a ver com temperatura. Do relacionamento, é claro. Funciona mais ou menos como uma escala que mede o nível de entendimento entre o casal. Muito ciúme, muitas brigas, relação conturbada. Se as cabeças andam quentes, o melhor a se fazer é soar o alerta vermelho, antes que casal entre em ebulição. Se o ciúme encontra-se na base do termômetro, é porque o casal está em harmonia, as coisas fluem normalmente, em uma temperatura agradável.

Ciúme tem tudo a ver com tempero. É o que dá aquele “toque especial” na relação, que pode apimentar o desejo e esquentar a paixão. Por outro lado, se não tem ciúme, não tem sabor. Tudo fica sem graça, insosso, quase intragável. Ciúme sempre dá um gostinho especial, de quero mais do mesmo. Quem entende de cozinha, sabe que o tempero faz uma boa diferença entre um bom prato e um prato comum. Tempero na comida é o detalhe, é o mínimo que influencia completamente no máximo. Só cuidado para não salgar demais a relação!Tempero na medida errada estraga tudo.

Ciúme tem tudo a ver com tesão. O ciúme existe para confirmar o interesse, a atração, o tesão. Afinal, o que seria de uma relação sem desejo, sem aquele arrebatamento louco, sem aquela excitação de perturbar os sentidos? É do tesão que surge a vontade de fazer o relacionamento dar certo; é dessa química que precisamos para acender o fósforo da paixão e aquecer o amor.

terça-feira, 1 de março de 2011

Ciuminho

 


Ciúme, ciúme mesmo, é ruim. Destrói relações, causa dor e sofrimento. Deveria vir com advertência do Ministério da Saúde, pois é muito prejudicial. Mas um ciuminho, de vez enquanto, de leve, é até gostoso. Faz a gente lembrar o quão gostamos daquela pessoa, o quanto queremos ficar perto dela. O ciúme é sempre retroativo e refere-se ao que já aconteceu; o ciuminho diz que respeito ao que poderia vir a acontecer.

Mas, maldito seja o ciuminho! Como pode ser adorável e tão detestável ao mesmo tempo? Ciuminho surge de um arroubo qualquer, de um ímpeto louco. É quando dá aquela vontadezinha instantânea de matar alguém ou pular no pescoço do algoz pra defender a sua conquista, mas que não demora mais do que um segundo.

Por outro lado, esse ciuminho pode também unir mais. Pode até fazer uma pessoa querer se livrar de velhos hábitos, querer se vestir melhor, se comportar mais adequadamente. Um ciumezinho pode levar uma pessoa a fazer pequenas loucuras, tudo em nome do amor, ou tudo pra demonstrar e provar o seu amor.

O ciuminho é aquele sentimento que nos dá um friozinho na barriga, que acende uma leve excitação pelo corpo, que provoca cócegas. É aquela sensação de borboletas no estômago, de arrepio na pele, de coceira nas idéias. É muito bom ter um ciuminho bobinho do nosso amorzinho.