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domingo, 24 de abril de 2011

Homem objeto



Há um tempo atrás, eu tava numa loja perto da Ipiranga, que tinha uma vitrine cheia de homens feios expostos. Naquela ocasião, eu não tava procurando ninguém em especial, nem imaginava que ia encontrar algo que prestasse por ali. Foi aí que um daqueles pareceu interessante aos meus olhos. Me apaixonei. Amor à primeira vista, que eu acabei comprando à prazo.

Nem avaliei o custo-benefício da mercadoria, me atirei sem pestanejar naquela aquisição. Comprei o cara. Pela internet. Foi fácil. Moreno, alto, bonito e sensual. Tava achando que era solução dos meus problemas. Que mulher nunca sonhou com um amante profissional?

Quando a alegria é demais, sabe como é né... É claro que ele veio estragado. Maldito boneco defeituoso! Mas eu não tive culpa, não, juro. Eu não sou de estragar nada – pelo menos não tão rápido. Deve ter sido defeito de fábrica mesmo. Que azar o meu!

Mas eu não me dou por vencida. Tentei consertar meu boneco. Abri pra ver como era por dentro e – pasmem! – notei que no lugar do coração não tinha nada, tava vazio. Logo desanimei. Tinha que ter um defeito tão grave? Ele podia simplesmente ter sorriso amarelo, ser meio desengonçado – em último caso nem precisava de cérebro –, mas sem coração? Aí não dá. Se não bastasse, ainda veio com umas peças soltas na cabeça. Acho que veio à mais. Ninguém merece.

No início eu achei que os defeitos eram só esses, mas a coisa foi piorando. Ele começou a andar muito soltinho por aí. Volta e meia desaparecia. Vê se pode uma coisa dessas! Boneco que funciona por conta própria não dá muito certo, #ficadica gurias. Num dado momento, me irritei com o sem-vergonha e resolvi que ia doá-lo pra alguém carente. O cara charmoso, conquistador e que sabia se dar valor que eu adquiri tinha se transformado. Maldita tecnologia avançada desses brinquedos novos. Bom... quem mandou não ler as instruções na caixa antes de comprar?! Agora sofre.

Pior que eu não guardei a nota, e agora não dá nem pra trocar. A garantia? Não, infelizmente ainda não foi fabricado nenhum homem que venha com garantias (eu pesquisei no Google). Mas como eu sou o otimismo em pessoa, não desisti de tentar fazer meu brinquedo funcionar corretamente. Eu vou te recuperar, bonitinho! Nem que tenha que abrir um grupo de Safados Anônimos pra isso, mas eu vou conseguir. Não quero ficar no prejuízo, né?

Se querem saber como eu me sinto, pensem numa criança com um brinquedo estragado. Minha situação é de dar dó. Tenho tantas brincadeiras em mente e não posso colocá-las em prática. Mas deixa... Deus deve tá guardando um boneco bem bonito, maior e mais caro pra mim. Só pode.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Amor fanfarrão




Tava aqui pensando: o amor é mesmo um sentimento fanfarrão.

Às vezes a gente acha que o fim é inevitável. Se a relação terminou, o amor também acabou. Porém, quando a gente menos espera, surpresa! Lá está ele, o amor, firme em suas convicções, como se nada tivesse acontecido. Quando a gente menos imagina, estamos cheios de amor, o mesmo amor.

Tem vezes que a gente realmente acredita que acabou o amor. Tem época que suspiramos aliviados por achar que já superamos um amor e que conseguimos seguir em frente. Doce ilusão.

O amor nos engana. Porque o amor mesmo nunca morre. O que um dia foi amor, vai ser pra sempre amor. Não adianta fugir, nem adianta negar. O amor não se joga fora. É como uma chama perpétua, que pode bruxulear com o vento forte, mas que não perde o brilho jamais. O amor, labareda ou fagulha, sempre aquece a alma. Como dizem, amor é amor, mesmo que mude.

O amor é um sentimento que não se apaga. Tu podes ter a melhor borracha, mas tenha sempre em mente que o amor não se escreve à lápis. Também não se esqueça de que não se fazem mais corretivos líquidos como antigamente. Tu podes passar o corretivo, mas sempre vai conseguir ler o que estava escrito por baixo. O amor é sempre evidente, mesmo quando tentamos disfarçá-lo. O amor é escrito por uma tinta mágica, dessas que é impossível se arrepender do que foi traçado. Ah, o amor.

Mas veja bem, não vamos confundir amor próprio com amor de verdade. Amor próprio não é amor, é orgulho. O amor nunca é de uma pessoa só, é um sentimento que exige no mínimo duas pessoas. O amor é para se compartilhar, não para se (re)ter.

Sei que sou uma das últimas pessoas que fala de amor desse jeito. Mas antes falar de amor, do que ser mal amado(a). O amor não se discute. Coitado daquele que precisa argumentar o que sente pra justificar os seus atos.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Troca de sentimentos




"Amor,

Essa carta é só pra te dizer “oi, eu estou aqui sofrendo ainda”, só pra te lembrar que eu ainda existo. Na verdade, eu faço de conta que existo; nós mulheres somos ótimas na arte de fingir.

Minhas palavras não tem mais a mesma eloqüência, nem as minha idéias não são mais tão bem encadeadas. Meus textos não tem mais mesma poesia. Desaprendi a escrever sobre conto de fadas, borboletas, felicidade...

Tô aqui pra te pedir, implorar, por favor, devolve o meu sono. Devolve os meus dias ensolarados, me manda de volta a minha alegria de viver. Às vezes eu tenho vontade de ir atrás de ti só pra te mostrar a conta da farmácia. Olha aqui como os antidepressivos são caros!

Devolve a poesia que um dia existiu em mim. Não seja egoísta. Devolve a minha vontade de seguir em frente, devolve o brilho dos meus olhos. Ei, a minha paz também ficou por aí?

Essa carta é só pra te dizer “olha o que aconteceu comigo, olha a pessoa que eu me tornei”. E não, meu bem, eu não sou a única responsável pelo o que aconteceu comigo. Tu tem uma parte considerável nisso.

Se tu não quiser me devolver nada, pelos menos leva o que sobrou aqui. Tira de mim essa angústia, essa agonia do coração. Fica com as minhas lágrimas e com as minhas cartas suicidas. Me tira do limbo. Me tira esse peso da alma.

Se tu não quiser me devolver, nem me tirar nada, pelo menos me empresta. Me empresta um pouquinho de vida, se é que resta alguma por aí. Me empresta um pouquinho de felicidade, só pra eu sentir o gostinho e lembrar como é.

Em último caso, me vende uma porção de tranqüilidade. Tô aberta pra negócios, pago o preço que for, junto todas as minhas economias, mendigo na rua se for preciso.

Sei lá... vem me buscar, me resgatar de mim. Me socorre, enquanto houver chance, enquanto minhas cartas não forem obras póstumas".

domingo, 10 de abril de 2011

A gente se encontra




Eu sempre estarei por perto, não importa o que acontecer. Sejam dois ou dois mil quilômetros de distância, eu estarei aqui. Eu não sou de  abandonar ninguém pelo caminho.

Por mais à frente que eu ande, sei que posso ser alcançada. Por mais atrás que eu esteja, vou com a certeza de que encontrarei o caminho certo. Nem sempre é fácil fazer o mesmo trajeto, como nem sempre é preciso. Existem infinitos caminhos para nos levar aonde tanto queremos ir.

Se os caminhos são tortuosos, é porque necessitamos de uma estrada esburacada para nos dar aquela sacudida de que tanto precisamos. Se não tem ninguém no nosso caminho, é porque devemos prestar mais atenção em quem vem atrás. Se a viagem é tranqüila, é porque precisamos dessa tranqüilidade para encarar o que vem à frente. O importante é seguir o caminho sem atropelar ninguém, porque, no fim, a gente sempre se encontra.

Não vale parar no acostamento ou perder tempo com distrações. Não importa o que aconteça, é preciso sempre seguir em frente. O que passou fica no passado mesmo. Pra que voltar atrás, se podemos seguir em frente? Só não leve a sua estrada para um precipício ou rua sem saída.

Cada um constrói o que caminho que deseja. Ninguém é responsável pelas nossas escolhas de percurso. Mais cedo ou mais tarde, no fim da curva ou no estacionamento, a gente sempre se encontra.