Páginas

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Tic tac baby




Acorda, dorminhoco! Fecha meu vestido. Vamos, rápido, hoje não posso me atrasar. Não é hoje que tu tem aquela reunião com o cliente? Quarta? Querido, sinto informar, mas hoje é quarta. Não viu meu sapato vermelho?

Calma, baby, vai dar tudo certo. Onde será que eu deixei minha bolsa? Fiz café pra ti, deixei do lado da porta, já arrumei pra viagem. Namorada eficiente, viu? Teu note tá na mesa da cozinha, mas leva o carregador porque tá sem bateria. Já dei comida pro gato também. Vai almoçar aonde?

Quem é a Fernanda, posso almoçar com vocês? Ah é?! Sei. Não, não precisa. Não quero mais. Almoça com a Fê. Claro que não é ciúme. Já disse que não quero mais. Vai me fazer mal até. Quem sabe eu arrumo um Fernando pra almoçar comigo também. Cadê meu batom vermelho? Idiota é tu. Eu vou é almoçar sozinha mesmo.

Vou almoçar sozinha enquanto tu almoça com essa tal de Fernanda. Acho que a idiota sou eu mesmo. Tua pasta tá gaveta da sala. Que horas tu vai chegar em casa? Eu chego depois, tu faz a janta. Não te preocupa, eu passei no supermercado ontem. Desliga a chapinha da tomada?

Tchau, baby. Me dá um beijo. Até logo. Não faz essa cara. Vem cá, me dá mais um beijo. Tu sabe que eu não gosto de brigar contigo, amor. Claro que eu ainda te amo. Deixa de ser bobo. Vou lá, se não vou me atrasar. Hummm, me deixa ir. Não tá na hora desses beijos quentes. Vai estragar minha maquiagem. Melhor não, baby. Não amassa meu vestido. Ei, devolve a minha calcinha. Opa. Ok, me convenceu. Tu tem cinco minutos.

Irresistível, é? Bonita hoje? Maravilhosa? Cheirosa também? Olhar de más intenções? Imagina, meu bem, as minhas intenções são sempre as melhores. Tô achando que tu é um cara muito sortudo, isso sim. Tem mais sorte do que juízo, né querido? Continua assim. Tem mais quatro minutos e meio.

Ainda vai almoçar com a Fernanda?

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Quando o namorado fica doente




O homem, quando fica doente, se torna uma grande figura. Basta um simples resfriado, uma dorzinha qualquer, para que o queridão pense que está morrendo. A gente tem cólica todo mês – e sobrevivemos! – e ainda pensam que somos o sexo frágil.

Namorado gripado é sinônimo de homem desesperado. Eles entram em pânico com os espirros, o nariz entupido e a dor no corpo. É um caos, não sabem o que fazer. Eles ficam imprestáveis.

Se não têm namorada, correm pros braços da mãe. Se tornam os seres mais carentes da face da terra. Precisam de alguém para dar os remédios na boca e agüentar a manha, limpar o quarto, arrumar a cama, dar banho e dizer vai ficar tudo bem, meu amor.

O problema é que eles nos preocupam. Somos o sexo frágil por estarmos sempre nos importando. A gente quer levar eles no médico, mas – advinha! – os bonitões dizem que não precisam. Nunca entendi tamanha resistência. Talvez seja delírio da febre, embora a minha intuição diga que essa negação ainda esteja relacionada com a fraqueza deles.

Porém, engana-se quem pensa que estou reclamando. Na verdade, a gente gosta quando eles precisam de nós, curtimos exercitar o nosso lado maternal. Pode até soar meio sádico, mas homem vulnerável é um charme.