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sábado, 4 de dezembro de 2010

Olhos



Olhos ávidos, atentos. Olhos que compreendem tudo o que vêem e por isso estão sempre há procura de algo diferente. Buscam qualquer coisa singular, por menor que seja; qualquer coisa que possa causar um ponto de interrogação. Olhos capazes de entender uma pessoa bem mais do que ela própria se entende. Olhos que sabem separar emoção de razão. Olhos de leitura dinâmica, de leitura profunda. Olhos que lêem – no mais profundo significado do verbo – o que está escrito e o que não está. Olhos que sabem ler o que está escrito nas entrelinhas, nas mensagens subliminares ocultas. Olhos que enxergam o significado intrínseco, que enxergam o implícito. Olhos que, ao ler, são capazes de compreender o que a pessoa pensou na hora em que escreveu. Olhos que analisam todas as vírgulas, todos os pontos finais, cada exclamação, as repetições, cada letra ausente nas abreviações. Olhos que enxergam padrões em tudo o que lêem e que por isso procuram resquícios da menor alteração possível, em busca de algo que fuja do comum. Olhos que gostam do inesperado que quase nunca acontece. Olhos que entendem as coisas antes de elas acontecerem.

Os mesmo olhos que brilham a cada vez que enxergam um futuro feliz são os que caem em lágrimas cada vez que lembram o passado.

São olhos que se curvam a cada vez que mentem para o seu dono. Olhos que não fecham à noite e ficam vagando pela escuridão.

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