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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Flor



Hoje coloquei meu nome numa flor. Ela surgiu em minhas mãos, caída dos céus. Tanto lugar e foi parar justamente entre meus dedos. Às vezes a gente fica cobrando uma resposta do universo, de deus, do destino, da vida – sei lá como cada um chama – e não percebemos que o que tanto procuramos pode estar em nossas mãos.

Fiquei me perguntando o que aconteceria com aquela flor dali pra frente. Ela era lilás, exatamente do mesmo tom da blusa que eu estava usando. Não poderia ser mais óbvio.

Com certeza, essa flor não vai permanecer em cima do banco, onde a deixei. Provavelmente ela vai voar por aí. Pode ser que ela percorra um longo caminho; talvez não vá muito longe. Talvez seja pisoteada sem dó por uma pessoa qualquer. Talvez, se fosse cuidada, poderia dar origem a outras como ela.

Uma flor frágil, exalando os últimos suspiros daquela vida. Uma flor que poderia ter caído no chão, como tantas outras, mas que escolheu cair chamando a atenção. Uma flor que, definitivamente, sabe cair. Uma flor que de repente vai ser percebida por alguém, que intrigado vai pegá-la na mão e perguntar “quem é essa flor?”, “de onde veio?”. Alguém que pergunte “por quê?” ou, num momento de maior lucidez, “por que não?”.

Por via das dúvidas, eternizei minhas iniciais nela.

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