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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Tua ausência, meu vazio


“Hoje faz quatro meses, dezoito dias e mais ou menos umas seis horas que nosso relacionamento acabou. Não tenho nome, perdi a identidade. E, junto com ela, se foi a minha felicidade. Não mais vivo, somente sobrevivo. Carrego uma dor profunda, que parece não ter fim. Choro todos os dias baixinho no travesseiro. Tomo antidepressivos de seis em seis horas, todos os dias também. Eu sei, posso parecer chorona. Enganam-se. Sou uma mulher como todas as outras.

Não consigo me concentrar em nada, não gosto mais de nada, nada mais me satisfaz. Perdi a fome, o sono, a alegria de viver. Perdi a fé, a confiança, a felicidade das coisas pequenas. Perdi a razão, a sanidade. Rezo para não perder a cabeça. De tanto olhar pro indefinido, acho que perdi o foco.

Não culpo ninguém. Nem ele. Nem ela. Também já não me culpo mais. Nada faz sentido mesmo. Me sinto excluída de tudo. Acho que ninguém sente a minha falta. Mas eu sinto a falta de alguém. Esse é exatamente o problema: sinto falta de alguém. A vida é um esporte coletivo, não dá pra jogar sozinha.

Tenho a impressão que roubaram o meu coração, pois só o que consigo sentir é um vazio no peito. Minto. Também consigo sentir muita dor. Parece que estou sofrendo de uma fratura exposta. To vendo tudo ali, destroçado, mas não posso fazer nada. Dói feito a morte, se é que a morte dói tanto.

Por outro lado, estou começando a pensar se tem remédio que conserte, se vou conseguir voltar a ser a mesma de antigamente, se conseguirei tocar a vida sem me sentir aleijada. To começando a achar que esse vazio não me serve mais. Então escrevo, pra exorcizar esses demônios”.

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