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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Pedaço que falta




 Qual é a melhor maneira de terminar um relacionamento? Se tem um jeito razoável, eu não sei, mas não tenho dúvidas em apontar qual é o pior. É horrível quando acaba de uma hora pra outra, quando tem uma briguinha seguida de mala na porta pra nunca mais voltar. 

Quando acaba rápido, parece que fica faltando alguma coisa. E fica mesmo. Fim de relacionamento tem que ter brigas intermináveis, palavras feias, ligações para insultar o ex, noites de choro, madrugadas de porre... É preciso sofrer um pouco, viver aquela separação, refletir aquele momento. 

Se acaba de uma hora pra outra, não tem nada disso. É muito mais difícil entender que houve uma separação. O cérebro – e o coração – têm dificuldade em compreender esse fenômeno demasiadamente humano. Essa situação é parecida com a morte repentina de alguém próximo. Ontem o cara tava ali, nos encontramos, falamos sobre o cotidiano e hoje já não tá mais. Como lidar com essa situação? Como se desacostumar com uma pessoa que até momentos atrás fazia parte da nossa vida e agora não faz mais? 

As fotos ainda estão nas paredes, o nome ainda está na agenda, o travesseiro ainda tem o seu perfume. Ainda ligam perguntando por ele naquele endereço e ainda vamos tropeçar em algum pertence seu perdido pelo apartamento. As fotos juntos ainda estão no álbum do Facebook e tem uma pasta com o nome dele no pendrive. Seu fantasma ainda divide os mesmos cômodos e ainda dá pra sentir sua presença por perto. O corpo ainda está acostumado ao dele. 

É uma ausência tão presente... uma aflição que quase conforta. Parece que um pedaço da vida vai junto. E se o pedaço não volta, ficamos assim, despedaçados. A única lição que tiramos disso tudo é cuidar bem dos pedaços restantes para não encurtamos nossa existência. 

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