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terça-feira, 5 de outubro de 2010

Novo, tudo, tempo



É preciso sair de cena. Está na hora de esperar.

Nem tudo depende de nós mesmos. Às vezes chega aquele momento em que o melhor a fazer é nos recolhermos diante da nossa insignificância. Esse momento sempre existe, mas nem sempre sabemos reconhecê-lo com facilidade. Estamos tão acostumados a ter uma reação a tudo, regidos pelo imediatismo, que na maioria das vezes, nos tornamos incapazes de perceber que o certo é não fazer nada.

Cedo ou tarde, chega o momento em que não podemos fazer nada, se não esperar. Para quem está acostumado às luzes do palco da vida, é difícil sair de cena e permanecer nos bastidores. Pra quem tanto gosta de interagir com a platéia, ficar espiando por trás cortina pode trazer muita aflição.

Por mais incômodo que seja, ou por mais que seja a coisa mais angustiante que possa acontecer, ou, ainda, por mais que tenhamos tanto pra falar e fazer, às vezes chega a hora de ter paciência. É hora de observar. É tempo de cruzar os dedos e torcer pra tudo dar certo.

Também é tempo de ficarmos atentos, pois vai que seja preciso dar uma mãozinha, assim, como quem não quer nada, em off... Às vezes é necessário agir sob os panos. É tempo de reorganizar as estruturas para uma possível nova estréia, sem medo da redundância.

É hora de usar a esperança como sabedoria. É hora de fingir que nada aconteceu. É hora do silêncio oportuno. É hora sair de cena sim. Quem sabe assim não seja o melhor caminho para voltar a subir no palco e brilhar.

E como vai ser a reestréia? Geralmente as expectativas são grandes. Imaginem como é para um protagonista viver nesse clima de pré-estréia permanente, de ansiedade, de incertezas. Como é difícil decorar as novas falas, se analisar, reconstruir um personagem, como é ruim ficar só no ensaio, torcendo para que os refletores finalmente se acendam.

Qual vai ser a sensação de quando o protagonista virar o jogo, ganhar a atenção e a compreensão da platéia? Como vai ser a noite de estréia do par romântico? Como vai ser o final feliz?

De qualquer maneira, é melhor ir pensando na sinopse, mas dessa vez com um final diferente.

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