A vida corrida é boa, mas como todo bom relacionamento
precisa ser pausado para colocar alguns pingos nos is de vez enquanto.
Eu
levanto da cama no meio da noite e vou procurar meus chinelos e surpresa! Piso
em cima de alguma coisa estranha. Depois do susto, consigo perceber que
é uma colher com restos de doce de leite da brincadeira da noite anterior. Ei
colher, como foi parar aí? Já pra pia da cozinha.
Chegando na cozinha, peraí... O que aconteceu por aqui?
Louça espalhada pra todos os lados, a frigideira no chão, guardanapo
dependurado na geladeira, as frutas pelo jeito resolveram apostar corrida de
madrugada. Não lembro, mas parece que todas as coisas de cima da mesa foram
empurradas pro chão. Tem resquícios da noite passada em cima da cadeira. Só
quero ver quem vai limpar tudo isso aí.
Abro a geladeira e as surpresas simplesmente não param.
Pelo menos achei minha pulseira, mas como ela foi parar na gaveta dos legumes
eu não faço idéia. Agora nada mais me surpreende. Ticket do cinema no fogão?
Ok. Havaiana em cima de pia? Talvez eu consiga me acostumar com isso. Mas só
talvez. Não quero nem olhar a sala.
Calcinha pelo chão (culpa dele), roupa atirada no sofá
(culpa minha), calma aí, quem tirou todos os dvds da estante? Os três notebooks
sem bateria, uma lâmpada roxa (?) quebrada, onde é que está a outra cadeira? Parece que eu tô morando no filme
se beber, não case.
É, a vida dá voltas. Pra quem defendia todas as formas de
amor, ainda não tinha descoberto o amor bagunceiro. Lado bom: acho evidências
desse sentimento bom por todos os lados. Não tem como fugir ou fingir não ver.
No nosso amor, a mesa da cozinha serve como palco, o sofá
da sala como trono, a cama é o nosso set, o chão é o nosso país. E os meus
braços são o teu território.