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sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Falta de atitude



Tava aqui pensando sobre o post anterior e acho que errei numa parte. Me equivoquei em um trecho da história, a respeito do príncipe. Mas o bom de escrever é justamente poder reescrever o que não está adequado.

Eu tinha dito que no conto de fadas pós-moderno o príncipe tinha deixado a princesa. Até aí, tudo bem. Mas na continuação eu escrevi que sair de casa tinha sido a última atitude do príncipe. Erradíssimo!

Na verdade o príncipe sofre de falta de atitude crônica. E é muito grave. Ele seria incapaz de tomar uma atitude dessa magnitude. Quem juntou suas coisinhas e foi embora, foi a princesa. Ela não conseguiu suportar a canalhice do príncipe, nem sua inércia perante a crise no relacionamento.

Não adianta. Pode passar o tempo que for que e o príncipe não muda, não cresce. Se antes de terminar o relacionamento ele não sabia o que fazer, agora que acabou é que ele não sabe mesmo.

O príncipe está em apuros e não admite. Aliás, nem percebe. Sua vida sem princesa não tem dado muito certo. Ele insiste em mostrar a todos uma pessoa que ele não é. Vive de aparências. Se inspira nos príncipes mais antigos, de outras épocas, no tempo em que eram cavaleiros e usavam armaduras, pois, hoje, ele não sai de casa sem a sua. Sai pronto para atacar, pois acredita que o ataque é a melhor defesa.

O príncipe se defende das suas fraquezas – e não tem nada de errado nisso. O problema é a maneira como ele faz isso. Ele se utiliza de fórmulas prontas. O príncipe, do alto de toda sua auto-suficiência, já tem uma resposta pra tudo. Ele vive de clichês. “Um conjunto de clichês”. Ele reage com frases prontas; tem fórmulas para resolver todos os seus problemas. O príncipe pós-moderno é burocrático demais. Odeia que as coisas fujam do seu controle, mas é isso que sempre acaba acontecendo.

Dessa forma, ele acaba deixando de lado um dos prazeres da vida: a improvisação. Qual é a graça de saber de tudo? Às vezes é bom dizer “não sei”. E digo mais: não existe problema nenhum em dizer que não sabe. Ninguém é obrigado a ser sabidinho. A dúvida tem seus benefícios e as incertezas, na maioria das vezes, trazem uma inspiração que dificilmente surgiria com todas as regras que o príncipe impõe à sua vida.

Falta atitude para o príncipe reconhecer suas fraquezas. A falta de atitude permeia a vida do príncipe, infelizmente.

Hoje em dia, somente homens de verdade têm atitude. E não basta ser homem para ter atitude. Ser homem, não significa ser de verdade.

Feita a correção. Desculpe a injustiça, princesa.

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