Foi passar 15 dias na França como musa inspiradora de um
escritor incompreendido pela crítica. Ele passa a maior parte do tempo dentro
do quarto do hotel, que tem vista da janela para a Torre Eiffel; intercala seus
olhares entre a garota e a tela do notebook. Ela passa o dia deslumbrada,
pensando na vida e no amor. Sua única preocupação é se mostrar interessante e
útil para o escritor, no bom sentido.
Ela, cheia de vida, tenta tirar ele, que parece ter medo do
mundo, de dentro do quarto. Propõe um passeio um ao livre, para abrir os
pensamentos e arejar as idéias. Ele, mostrando-se relutante, no fundo, adorou a
idéia. Ela lhe enchia de vontade, de coragem, de ânimo, de alegria. Ela falava
pelos cotovelos, perguntava sobre tudo. Ele não entendia tudo o que ela dizia,
mas adorava o seu jeito de ser.
Tendo a Torre Eiffel como pano de fundo, ela o fez deitar na
grama e, quando ambos admiravam o céu, o questionou:
- Paris é uma cidade romântica, chega a ser clichê de tão
romântica. Os casais vêm pra cá pra viver um grande amor... É, isso... Viver um
amor ao pé da Torre Eiffel. Talvez até dançar na beira do Sena.
- Tu andas assistindo muitos filmes, guria. Ou andas lendo
muita porcaria.
- Será que as pessoas não podem vir para Paris esquecer um
grande amor? Tipo, será que existe o efeito contrário?
- Nunca vi ninguém vir para Paris para se desapaixonar. Talvez
pra se apaixonar por alguém novo, mas nunca pra se desapaixonar.
- Mas será que não dá? Passar um tempo longe de tudo, num
lugar que inspirador... Será que o coração não volta mais leve, menos agoniado?
- Talvez seja possível... Mas só se a intenção da viagem não
for exatamente essa, se acontecer por acaso. Se a pessoa vem pra Paris pra esquecer um
grande amor, é capaz de voltar para casa mais apaixonada ainda.
- Não me diz isso...
- Desculpa, talvez eu esteja enganado. Mas eu acho que a
pessoa volta se sentindo melhor, apaixonada ou desapaixonada. Acho que quem vem
pra Paris aprende a não se apaixonar pela pessoa errada.
- Promete?
Ela tinha muitas perguntas porque precisava de certezas. Ele
tinha muitas incertezas e muitas perguntas. Eles não sabiam, mas Paris tinha
todas as respostas.
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